3 coisas pelas quais sou grato / 3 things I’m grateful for

Pouco antes de eu sair de casa pra ir morar sozinho pela primeira vez, um pequeno desejo vinha sempre na minha cabeça: “Vou ter uma mesinha de centro na sala cheia de livros bonitos contando a história de algumas das minhas bandas favoritas”.

Me inspirei na mesinha de centro do meu padrasto onde eu vi um livro dos Beatles alguns anos antes. Desde então fui começando a colecionar os que eu ia encontrando pelo caminho: Red Hot Chili Peppers, Beatles, Rolling Stones e AC/DC. Uma coleção de respeito.

Agora só faltava me mudar, de fato, pra realizar o ‘sonho’ da mesinha decorada com as bandas que eu gostava.

Até que o dia de pegar as chaves do meu primeiro apartamento chegou e uma das primeiras coisas que eu fiz questão de arrumar foi ela: a mesinha com os livros.

Por muitos dias, meses, volta e meia me pegava olhando pra mesinha com aqueles livros, do mesmo jeito que sonhei por alguns anos e isso, por mais simples que fosse, me fazia sentir orgulhoso e realizado no meu cantinho.

Vou confessar, entretanto, que depois de algum tempo já não olhava mais pra eles com tanta frequência assim. Até os mudei de lugar um dia em que ia receber amigos, com medo de os usarem como porta copo ou algo pior. Foram pro lado da TV e ali foram ficando.

Depois também me mudei pra uma outra casa, voltei a morar com amigos, e os livros foram pro meu quarto. Foram pra mesinha de cabeceira, bem do meu lado ao dormir – um lugar de destaque, é verdade. Mas certo dia me peguei pensando no quanto aqueles objetos que um dia já foram tão desejados, agora eram só algo a mais dentro de tantas outras coisas que vamos adquirindo pelo caminho.

Hoje no meu sonho de lar ideal os objetos de desejo são um pouco mais caros e espaçosos.

O próximo passo é montar um escritório bem bonito, com uma daquelas mesas que sobe e desce, pra trabalhar de pé quando tiver cansado de ficar sentado e vice versa. Já tô quase lá, na verdade.

Mas o que vem depois desse desejo aí parece ainda estar um pouco mais longe: uma academia com espelhão ocupando a parede toda, cheia de aparelhos, barra olímpica e pesos livres pra eu poder malhar todo dia sem sair de casa.

Já imagino perfeitamente, ter uma caixa de som tocando bem alto as músicas das minhas playlists enquanto me exercito. Vai ser um dia de punk rock, outros de reggaeton, house, hip hop… Sem contar nos dias que vou deixar tudo rolando no shuffle, mesmo. Estou pra conhecer um DJ melhor do que eu, modéstia à parte.

Tá aí, um verdadeiro sonho pra minha casa do futuro!

E vou te dizer, acho até que dá pra torná-lo realidade num futuro não tão distante – na verdade tenho certeza que vou alcançá-lo se isso continuar sendo uma prioridade para mim nos próximos anos.

Mas, uma coisa é certa. Tendo academia em casa ou não, sempre que eu me der conta de que não estou mais dando muita atenção pros meus livrinhos, vou fazer questão de tirar um tempo no dia para folheá-los sempre que possível e assim me lembrar de agradecer por tudo que já conquistei, ao invés de ficar só pensando no que ainda vem por aí.

Dia desses estava conversando com meu amigo João no WhatsApp sobre ser grato por tudo aquilo que já temos em nossas vidas.

O assunto começou quando eu mencionei que eu tenho o hábito de, todos os dias, escrever em minhas notas do celular as ‘3 coisas pelas quais sou grato’.

Comecei a fazer isso por volta de meados de 2022, após assistir a uma palestra sobre saúde mental no trabalho onde a palestrante sugeriu isso à audiência como uma boa prática de exercer nossa gratidão.

Achei interessante e pensei, “legal, vou tentar, acho que mal não vai me fazer, né”. E nos primeiros dias fui fazendo isso só mesmo por distração. Até pulava um dia ou outro, mas depois de um tempo aquilo foi se tornando uma prática diária que exerço até hoje.

Provavelmente já há nas minhas notas mais de 2.500 coisas pelas quais fui e sou grato ao longo desses últimos dois anos e meio.

É claro que muitos temas se repetem: família, saúde física e mental, viagens e crescimento pessoal estão no meu top 5, de acordo com o ChatGPT.

Mas às vezes escrevo que sou grato até mesmo por alguns objetos como móveis e livros.

Meu amigo João adorou saber sobre o meu hábito e me escreveu de volta: ‘se não somos gratos pelo que já temos, nunca conseguiremos ser gratos pelo que viremos a ter’.

Adorei essa frase – não sei se é de autoria dele ou se ele pegou de algum lugar.

De uma forma ou de outra, o bom é que serviu como mais um lembrete pra eu continuar agradecendo. Seja nas notas, seja mentalmente, seja em voz alta ou rezando. O importante mesmo é praticar essa gratidão todos os dias.

E sobre as mais de 2.500 coisas pelas quais sou grato que já estão escritas lá nas minhas notas, um dia penso em reunir todas elas e imprimir em um livro.

Já vou até separando um lugar pra ele aqui na mesinha de centro da sala.

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

Shortly before I moved out to live on my own for the first time, a small wish kept crossing my mind: “I want to have a coffee table in my living room where I’ll showcase beautiful books about my favorite bands.”

I was inspired by my stepfather’s coffee table, where I once saw a Beatles book a few years earlier. From then on, I started collecting the ones I came across: Red Hot Chili Peppers, The Beatles, Rolling Stones, and AC/DC. A respectable collection.

Now, I just needed to actually move out to fulfill my “dream” of having a table decorated with books about the bands I loved.

Then came the day I got the keys to my first apartment, and one of the first things I made sure to set up was that coffee table – with the books.

For many days, months even, I would often catch myself looking at the table with those books, just as I had envisioned for years. And as simple as it was, it made me feel proud and accomplished in my little space.

I have to confess, though, that after some time, I didn’t look at them as often. One day, when I was expecting friends over, I even moved them to another spot – afraid they’d be used as coasters or, worse, ruined in some way. They ended up next to the TV, and there they stayed.

Later, I moved to another house, went back to living with friends, and the books ended up in my bedroom. They sat on my bedside table, right next to me as I sleep – a place of prominence, no doubt. But one day, I caught myself thinking about how these objects, once so desired, had now become just another part of all the things we accumulate along the way.

Today, in my vision of an ideal home, my dream objects are a bit more expensive and take up more space.

The next step is to set up a beautiful office, with one of those adjustable-height desks, so I can work standing when I’m tired of sitting, and vice versa. I’m almost there, actually.

But what comes after that seems a bit further away: a home gym with a full-wall mirror, filled with equipment, an Olympic bar, and free weights so I can work out every day without leaving the house.

I can already picture it – having a speaker blasting my playlists while I exercise. Some days, it’ll be punk rock; others, reggaeton, house, hip-hop… And, of course, there will be days when I just let it shuffle. Honestly, I have yet to meet a better DJ than myself – modesty aside.

Now that’s a real dream for my future home!

And you know what? I think it’s totally achievable in the not-so-distant future – actually, I’m sure I’ll make it happen if it remains a priority for me in the coming years.

But one thing is certain: whether I have a home gym or not, whenever I realize I’m no longer paying much attention to my books, I’ll make sure to set aside time to flip through them whenever possible. That way, I can remind myself to be grateful for everything I’ve already achieved, instead of just focusing on what’s yet to come.

The other day, while chatting with my friend João on WhatsApp about being grateful for everything we already have in our lives, I mentioned that I have a habit of writing down “3 things I’m grateful for” every day in my phone notes.

I started doing this around mid-2022, after attending a workplace mental health seminar where the speaker suggested it to the audience as a good way to practice gratitude.

I found it interesting and thought, “Cool, I’ll give it a try – can’t hurt, right?”. And in the beginning, I did it mostly for fun. I even skipped a day or two, but over time, it became a daily habit that I still practice today.

By now, I probably have over 2,500 things written down in my notes that I’ve been grateful for over the past two and a half years.

Of course, some themes repeat often – family, physical and mental health, travel, and personal growth are in my top five, according to ChatGPT.

But sometimes, I even write down gratitude for certain objects, like furniture and books.

My friend João loved hearing about my habit and wrote back to me:
“If we’re not grateful for what we already have, we’ll never be grateful for what we’ll have in the future.”

I loved that phrase – not sure if he came up with it himself or got it from somewhere.

Either way, it served as another reminder for me to keep practicing gratitude. Whether in my notes, in my mind, out loud, or through prayer – what truly matters is practicing it every day.

And as for the 2,500+ things I’m grateful for that are already written in my notes, one day I think I’ll gather them all and print them into a book.

I’ll even save a special spot for it right here on my living room’s coffee table.

Leave a comment