Divido a casa onde eu moro com mais outras quatro pessoas. Um brasileiro do Ceará, um casal do Paraná e, mais recentemente chegou uma moça da Inglaterra.

Tal moça dirige um carro bem legal. Um Toyota que deve ser do ano 2018, bem bonitinho e bem cuidado. Nada de extraordinário, como uma Mercedes ou BMW zero, porém ainda assim um pouco “fora do comum” pra quem chegou no país há pouco tempo.

Dia desses me peguei pensando: “ah, esse pessoal que vem do país dela geralmente chega com dinheiro, a moeda deles vale muito né”.

Conversando com o amigo do Ceará numa tarde aleatória de domingo, por acaso acabamos entrando nesse mesmo assunto: “ela deve ser daquelas viciadas em carro que acaba financiando em várias vezes pra poder ter um carro novo”, disse ele.

Pois bem, eu tô de mudança do país em breve e todo mundo aqui em casa já sabe disso. Belo dia a inglesa me mandou uma mensagem perguntando:

– Ei, você tá pensando em vender o seu carro quando for embora?

– Tô sim, você conhece alguém interessado? – respondi.

– Eu!

A princípio achei estranho, ela tem um carro tão legal. O meu já é mais velhinho, de 2009. Mas ela logo completou:

– O carro que eu dirijo aqui é emprestado e vou devolver no mês que vem.

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Há um tempinho eu tava saindo com uma menina já por algumas semanas. Nunca conversamos sobre exclusividade mas estávamos passando um bom tempo juntos.

Volta e meia ela falava de um amigo do curso dela, um tal de Martin, acho que era argentino. Parecia que fazia questão de sempre me lembrar do cara, o quanto ele era legal e tudo mais. Até pra festa de halloween que estávamos organizando aqui em casa ela me perguntou se podia chamá-lo. Eu disse que sim mas, pra falar a verdade, aquilo já tava começando a me incomodar um pouco.

Tudo bem não termos nunca conversado abertamente sobre intenções a longo prazo ou comprometimento, mas se o outro cara era tão interessante assim talvez fosse melhor ela ficar logo com ele?

Não demorou muito até eu descobrir, nem lembro como, que ele era gay e que o interesse sexual de um pelo outro era nulo.

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Uma das coisas que mais me incomoda no ambiente profissional é ver pessoas cochichando em pleno escritório. Oras, se você tem algo tão confidencial pra tratar com outra pessoa, pelo menos levantem da mesa e vão pra uma sala de reunião ou algo assim.

Enfim, em um dos meus antigos trabalhos, teve um período que o número de cochicho das minhas chefes diretas parecia ter aumentado drasticamente quando eu estava por perto.

Às vezes eu começava a dar uma pirada, eu tinha certeza que estavam falando algo sobre mim, provavelmente algo ruim. “Oh meu Deus, será que vão me demitir?!”.

Só pra poucas semanas depois elas estarem me oferecendo uma promoção.

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Minha intuição geralmente é muito boa, seja pra coisas bobas ou assuntos mais sérios.

Levo isso até com um certo orgulho. “Alá, não disse que isso ia acontecer…”, comemoro sempre que acerto mais uma.

Acontece que eu também erro, e erro feio. Seja pra coisas bobas ou assuntos mais sérios.

De vez em quando me pego imaginando histórias legais que me deixam animado ou situações negativas inexistentes que me fazem sentir mal sem necessidade alguma – elas foram criadas na minha cabeça e em nenhum momento eu tive prova de que já eram ou de fato viriam a se tornar realidade.

Ultimamente tenho aprendido a relevar mais tais histórias negativas.

Se algum pensamento tem me incomodado, vou lá e pergunto, converso. Melhor esclarecer tudo logo do que ficar só supondo.

Já tais histórias legais que me deixam animado, essas aí tudo bem. Vou continuar imaginando.

Sonhar que posso voar já me trouxe pra lugares bem altos.

Não tenho nenhuma pretensão de pousar por agora.

 

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I share the house I live in with four other people: a Brazilian from Ceará, a couple from Paraná, and, more recently, a girl from England.

This girl drives a really nice car – a Toyota that must be from 2018. It’s quite fancy and well-maintained. I mean, nothing extraordinary, like a brand-new Mercedes or BMW, but still a bit “out of the ordinary” for someone who just arrived in the country.

 

The other day, I caught myself thinking: “Ah, people who come from her country usually arrive with money; their currency is worth a lot, right?”

 

Talking to my friend from Ceará one random Sunday afternoon, we happened to touch on this same topic: “She’s probably one of those car enthusiasts who ends up financing it in multiple installments to afford a new car,” he said.

Well, I’m moving out of the country soon, and everyone in the house already knows that. One of those days the English girl sent me a message asking:

“Hey, are you planning to sell your car when you leave?”

“Yeah, I am. Do you know anyone interested?” I replied.

“Me!”

At first, I found it strange – she already has such a cool car. Mine’s older, from 2009. But then she quickly added:

“The car I’m driving here is borrowed, and I’ll have to return it next month.”

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Some time ago, I was seeing a girl for a few weeks. We never talked about exclusivity, but we were spending a lot of time together.

Every now and then, she’d talk about a friend from her course, some guy named Martin – I think he was Argentinian. It seemed like she made a point of always mentioning him, how nice he was, and so on. Even for the Halloween party we were organizing at my house, she asked if she could invite him. I said yes, but to be honest, it was starting to bother me a little.

It’s fine that we never openly discussed long-term intentions or commitment, but if this other guy was so interesting, maybe she should just go for him?

It didn’t take long for me to find out – though I can’t even remember how – that he was gay, and any kind of sexual interest between the two of them was nonexistent.

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One of the things that annoys me most in a professional environment is seeing people whispering in the office. Come on, if you have something so confidential to discuss, at least get up from your desk and go to a meeting room or something like that.

Anyway, at one of my previous jobs, there was a period when the amount of whispering from my direct managers seemed to increase drastically whenever I was nearby.

Sometimes I’d start freaking out. I was convinced they were talking about me – probably saying something bad. “Oh my God, are they going to fire me?!”

Only to find out a few weeks later that they were offering me a promotion.

 

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My intuition is usually very good, whether it’s about trivial matters or serious issues.

I even take a certain pride in it. “See? Didn’t I say that was going to happen?” I celebrate every time I’m right.

But I also get things wrong – and very wrong. Whether it’s trivial matters or serious ones.

Sometimes I find myself imagining cool scenarios that get me excited, or negative, nonexistent situations that make me feel bad for no reason at all – they were created in my head, and I never had any evidence that they were real or would ever become reality.

Lately, I’ve been learning to let go of those negative stories.

If a thought is bothering me, I’ll ask, I’ll talk about it. It’s better to clear things up than to stay stuck in assumptions.

As for those cool stories that get me excited, those are fine. I’ll keep imagining them.

Dreaming that I can fly has already taken me to great heights.

I have no intention of landing anytime soon.