Todas as segundas-feiras no meu trabalho, as equipes dos mais diversos departamentos se reúnem para participar de um quiz sobre conhecimentos gerais.
Algumas vezes nos dividimos em dois grandes grupos, algumas outras em várias equipes com menos pessoas, pra disputar quem vai pontuar mais e ser o vencedor da rodada da semana.
Nem sempre os vitoriosos recebem prêmios, apesar de algumas vezes as equipes campeãs saírem pra tomar um café por conta do chefe. Mas, geralmente, é mais só mesmo pra criar uma interação amigável entre os funcionários.
Tem um cara que me chama a atenção pois parece que ele sempre sabe a resposta pra literalmente todas as perguntas.
Já cheguei até a me perguntar se por acaso ele entra no site do quiz um pouco antes de todo mundo pra descobrir as perguntas – e as respostas – com antecedência, mas não acho que seja o caso.
Ele é uma pessoa mais reservada e não interage muito com os outros com tanta frequência, pelo que eu observo nesses meus dois anos de escritório, e tem um cargo ‘médio’, sem grande destaque na empresa.
Em alguns momentos já me peguei refletindo sobre o porquê de uma pessoa aparentemente tão inteligente não ter um papel mais importante dentro do mercado profissional.
Pois bem, há umas semanas o CEO da marca para que trabalhamos veio fazer uma de suas visitas anuais e passou o dia conosco fazendo muitas reuniões e apresentações para compartilhar com todos os últimos resultados e alguns dos planos para o futuro da empresa.
Algumas ideias pareciam bem promissoras e de certa forma me inspiraram e me deixaram animado para o que estava por vir.
Pouco tempo depois da última apresentação do dia, eu peguei minhas coisas pra ir embora e alcancei o elevador com a porta já quase fechando. Ali dentro estava o ‘cara que sabe tudo no quiz’ e uma outra pessoa.
Acredito que eles ainda não haviam percebido eu me aproximando e, ao entrar no elevador, eu só consegui ouvir o sabichāo terminando a frase que dizia: “você sabe que 10 das 10 coisas que ele apresentou não vai acontecer, não é?”.
Foi ali que me deu um estalo.
“Caraca, o cara é um pessimista nato”, pensei.
Ok, eu consigo muito bem entender que na apresentação do CEO para todos os funcionários vai ter pelo menos um pouco de exagero, embromação ou omissão de algumas outras informações confidenciais, mas a maioria do que ele tinha trazido naquele dia tinha sido muito positivo, na minha visão.
Talvez, infelizmente, não tenha sido a mesma percepção que teve o nosso amigo dos conhecimentos gerais. Isso fez eu me sentir até um pouco mal por ele, na verdade.
Fiquei pensando o quão mais longe ele já não poderia ter chegado com tanta sabedoria e talvez só um pouco mais de positividade ou mente aberta para as situações do dia a dia ao seu redor.
Enfim, vai ver ele está feliz onde está.
De repente a inteligência dele é tão acima da média que ele consegue interpretar perfeitamente até o que é verdadeiro e o que não é.
Da minha parte, eu também estou bem feliz com o que tenho: um pouco mais de otimismo misturado com uma boa dose de ambição e talvez até um pouquinho de ingenuidade.
Pode ser que minhas interpretações sobre as situações do dia a dia ao meu redor nem sempre sejam perfeitas mas, no geral, elas têm funcionado muito bem para mim até aqui!
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