Você já parou pra se dar conta no tanto de mudança no mundo que a gente vivencia com o passar dos anos?
Algumas são mais repentinas, outras acontecem de forma relativamente lenta e nem percebemos tanto.
Vou dar um exemplo: há não muito tempo atrás vivíamos em um mundo onde a forma mais comum de se conseguir um táxi era esperando na esquina e fazendo sinal pro primeiro que passasse. Alguns anos depois, tornava-se mais fácil ligar de casa e agendar com antecedência onde e quando a gente gostaria de encontrar nosso motorista. Passam-se alguns anos e hoje temos milhares de motoristas disponíveis ao simples toque de alguns botões em nossos celulares inteligentes.
Nós não tivemos que nos preparar para um mundo onde não temos que esperar o táxi na esquina. É uma mudança que aconteceu de forma gradativa, assim como tantas outras que já presenciamos.
E parece que vem mais delas por aí.
Dia desses ouvi dizer que daqui a uns poucos anos vai ser comum estarmos andando na rua e vermos dezenas, centenas, quem sabe milhares de drones voando e carregando consigo produtos e até comida pra entregar nas casas das pessoas. Vão substituir os motoqueiros e caminhões, pelo que parece.
Espero que até lá dêem um jeito naquele barulhinho irritante que eles fazem quando estão no ar – quem já teve a chance de ver de perto um dispositivo daquele voando, sabe que o bichinho é estridente até quando vai pra longe. Agora, imagina a doideira que vai ser quando presenciarmos centenas desses voando ao mesmo tempo pra lá e pra cá, a poucos metros de nós enquanto caminhamos pela calçada.
Acho que não vai ter muito jeito a não ser nos acostumarmos com as mudanças, mais uma vez.
Tem um certo tipo de mudança, porém, que parece que não estaremos nunca preparados para nos acostumar, não importa o quão gradativa ela seja.
É a partida daqueles que amamos.
Com 30 anos recém completos, eu espero ter a sorte de viver pelo menos mais outros 30 nessa passagem por aqui.
Ainda assim, as 3 décadas já vividas são um tempo considerável e sou grato por todas as mudanças que já presenciei, experiências que já tive, lugares e pessoas que já conheci.
Nesse tempo todo, entretanto, algumas coisas sempre foram certas, desde o mais longe que minha memória consegue chegar. Coisas que nunca mudaram.
São as idas na casa da vovó, os abraços da mãe. As conversas com o avô e aprendizados com o pai. Desde que me entendo por gente eu sei que posso chegar a qualquer hora do dia na casa da vó que serei recebido com um sorriso. E, quem sabe, com um bolinho, também.
Esse tipo de coisa sempre fez parte do que eu conheço de mundo e não importa o tempo que leve, eu tenho certeza que nunca irei me acostumar com uma vida onde isso não existe.
E enquanto ainda tenho a oportunidade de viver no mundo que eu conheço, este mesmo onde eles ainda estão aqui, vou lembrar de aproveitar cada minuto. E se tiver que ser só pelo telefone ou por vídeo, por mais um tempinho, tudo bem. Essa é uma mudança que dá pra aguentar.
Fica aqui uma lembrança para nunca deixarmos de dizer para aqueles que estão por perto, mesmo quando um pouco mais longe, que o nosso mundo é muito diferente quando eles não fazem parte do mesmo.
E uma homenagem praqueles que se foram, mudando pra sempre os nossos mundos.
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