Bed Bugs

Você já ouviu falar em bed bugs?

Eu nunca tinha ouvido falar até eles aparecerem lá em casa. Trata-se de um insetinho com forma de barata, só que com um tamanho máximo semelhante a um caroço de maçã – torço para que não exista nenhum maior que isso. Eles ficam escondidos dentro do seu colchão esperando você ir dormir pra poderem roubar o seu sangue durante a madrugada e assim se manterem vivos e descansando por mais algumas semanas.

Sim, pessoalmente é assim mesmo tão nojento quanto parece por escrito.

Eu tinha acabado de pousar, voltava de 3 semanas de férias e, literalmente, a primeira mensagem que pipocou no meu telefone assim que desliguei o modo avião foi de uma menina que ficou hospedada no meu apartamento durante a minha ausência: “olha, outra coisa muito importante que só percebi hoje quando estava trocando o lençol é que sua cama está com bed bugs!”.

Porra, o cara chegando de viagem, não bastavam as 3 horas de voo só pensando em como ele ia resolver alguns dos problemas que se encontravam naqueles 300 e-mails não lidos e ainda me surge essa praga inesperada!

Eu gostaria de ter adicionado um pouco de ficção nos parágrafos anteriores assim como geralmente faço pra deixar uma história mais interessante quando estou escrevendo. Infelizmente esse não é o caso, e nem a história é tão interessante assim – pelo menos não é das minhas favoritas.

Mas, acredite se quiser, os bed bugs em si não são a pior parte disso tudo.

O que mais me deixou frustrado no exato momento em que terminei de ler aquela mensagem é que eu tinha certeza que independente do que eu fizesse, nenhuma pessoa se importaria tanto com aquilo quanto eu.

Eu podia mandar mensagem, ligar, fazer vídeo conferência, contar pra alguém do trabalho o quanto aquilo me incomodava, mas a verdade era uma só…

Eu não ia encontrar ninguém disposto a sofrer por conta daqueles malditos insetos junto comigo.

Assim como ninguém estava aqui quando o cano da pia começou a vazar e alagou a cozinha toda. Ou quando eu derrubei água no fogão de indução e deu um curto no sistema elétrico me deixando sem luz durante um fim de semana quase inteiro.

Coisas pequenas, eu sei. Mais cedo ou mais tarde a vida vai te ensinando a se virar por conta própria e te faz aprender a resolver essas situações inesperadas mesmo que na marra. Mas tenho certeza que ter alguém aqui pra ficar puto junto comigo deixaria os problemas menores e um pouco mais cômicos.

E aqui estou eu escrevendo sobre estar sozinho novamente. Algumas vezes parece que qualquer assunto é motivação suficiente. Até mesmo insetos.

Fica tranquila, mãe, estou bem e feliz. Não precisa me chamar pra voltar. Na verdade a saudade só bateu mesmo quando eu percebi que queria ficar aqui por mais tempo do que o previsto anteriormente.

E só o que incomoda um pouco é essa incerteza em saber quando todos nos encontraremos de novo.

Mas qualquer dia apareço aí pra fazer uma surpresa.

E sobre os bed bugs, bom, a empresa de dedetização veio aqui no dia seguinte à minha chegada e parece ter resolvido a situação – alguns dias depois (tempo necessário para que as doses homeopáticas dos produtos químicos façam efeito) as coceiras foram embora e mais nenhum bicho apareceu.

E, sim, estou feliz com isso. Mas a parte mais chata continua sendo a mesma.

Não tinha ninguém aqui pra chorar o meu choro quando eles surgiram.

E, agora que eles foram embora, não tem ninguém pra sorrir meu sorriso!

Leave a comment