Às vezes no silêncio da noite eu fico imaginando nós todos.
Sentados à mesa, o peixe frito acabou de sair e a Helô trouxe o bolo de cenoura para a sobremesa.
Hoje em dia prefiro o tempero do meu próprio purê, mas tem horas que o saudosismo fala um pouco mais alto e a vontade de saborear a comida da vovó é um pouco maior. Inclusive aquela carne de panela que ela sempre vinha me dizer toda feliz que fez especialmente pra mim (mesmo eu nunca tendo sido seu maior apreciador).
A maior dúvida era se eu dormiria em Copacabana, Jardim Oceânico, Varandas ou Novo Leblon.
Mas antes de partir eu ainda queria tomar uma cerveja com os meus amigos. Me incomodava o fato de ter que pegar dois elevadores diferentes pra passar do 1503 pro 1507. Olhando para trás, apertar dois botões não era assim tão complicado ou demorado quanto comprar uma passagem aérea. E dá-lhe visto, documentação atualizada, carta do empregador, comprovante da imigração, revista, joga o protetor solar fora, “watch out for the guitar, please”…
Com o destino finalmente decidido, o gato invadia o meu quarto e começava a andar por cima do computador enquanto eu tentava me concentrar. Vai ver ele só queria me alertar o quanto faz falta um chamego sincero.
Tenho digitado com certa frequência a palavra “benzinho” mas, recentemente, percebi que ela soa bem melhor falada do que escrita. Melhor ainda se puder ser dita ao vivo e não por áudio do WhatsApp.
E por falar no que é bom, bom mesmo é poder desfrutar ao máximo possível cada caminho escolhido e guardar com carinho os outros noventa e nove deixados de lado.
Agora chega de escrever pois as roupas espalhadas no sofá não se desamarrotarão sozinhas nem se pendurarão por conta própria. E por falar em conta… Melhor eu desligar tudo logo…
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