Bernardo tinha um amigo muito discreto. Evitava se pronunciar perante o óbvio e não gostava de novidades particulares. Recriminava ferozmente, mesmo calado, qualquer forma de exagero.
Bernardo tinha um amigo que preferia um “não sei” à uma muito provável resposta certa. Raramente deixava de abusar do “acho que” antes do “sim”.
Bernardo tinha um amigo que possuía sentimentos extremamente confidenciais. Que o rosto era uma bíblia nas mãos de um analfabeto.
Bernardo tinha um amigo que guardava a tristeza para si. E surpreendia a todos quando se dizia explodindo de felicidade. E não mentia.
Bernardo tinha um amigo que adorava se sentir ingênuo. Pensava duas vezes antes de destruir grandes (e também pequenos) castelos de areia.
Bernardo tinha um amigo cheio de manias e incertezas. E com tantas dúvidas ao seu redor quem acabava sem entender nada era Bernardo. Mas ainda assim Bernardo o amava como um irmão, através do sentimento mais verdadeiro do universo.
Bernardo tinha um amigo que não fazia questão de ser lembrado. Só queria ser o coadjuvante. Até mesmo na sua própria história.
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